O funk proibidão é isso: rimas pesadas em batidões que mandam a realidade na cara. Vocabulário de favela sem papas na língua. Não é coloridinho como um funk do Naldo. O xarpi e o proibidão são amados e odiados pelos mesmos motivos.
Na tarde de terça-feira, 9 de dezembro de 2014, o fotógrafo Vincent Rosenblatt concedeu esta entrevista, entrecortada por baforadas de cigarros Nat Sherman, enquanto preparava o ateliê para, à noite, receber colecionadores e marchands.
Com tambor ou sem ele, o funk carioca é uma estratégia de sobrevivência. Tanto mais o matam, mais intensamente ele vive, tantas outras formas assume, tão mais incômodas e provocativas. Ele se alimenta do genocídio nosso de cada dia.
Na tarde de terça-feira, 17 de março de 2014, o DJ Marcelo André reuniu em sua residência os DJs Lugarino e Luciano Oliveira mais alguns amigos. Pude então conversar com Lugarino sobre o CD que ele produziu em 1998.
Nacionalizamos o funk. Deixamos de usar os loops de fora. Começamos a criar os nossos aqui. Acho que basicamente foi isso. O ritmo inclusive mudou bastante. O Tamborzão mudou o jeito de criar as músicas. Ficou mais suingado eu diria, mais dançante, mais sensual.
A partir de 1988, 1989 começou essa coisa de fazer o funk, o nosso funk. E eu sou um dos responsáveis, que começou isso, junto com o Marlboro, que também estava nessa coisa de fazer funk em português. Ele tinha lá o movimento de uma maneira, e eu fazia de uma outra maneira.
O mercado do funk não tem espaço para compositor. Nunca teve. Isto está sendo bacana, isto que estou conseguindo realizar, uma coisa que já via lá atrás.
“And the rarities of the soul heyday, the most curious offshoots of a curious phenomenon — works like Tim Maia’s ‘Racional’ — are sought after and treasured as the keys to understanding a different Brazil, one whose contours and mysteries were barely glimpsed before it disappeared.”
“E as raridades do apogeu do soul, os mais curiosos desdobramentos de um fenômeno curioso — trabalhos como o ‘Racional’ de Tim Maia — são procurados e valorizados como chaves para entender um Brasil diferente, um Brasil cujos contornos e mistérios mal se avistaram antes que desaparecesse.”
Quando enxergo alguém como bandido, posso não saber detalhes, mas conheço a trajetória: foi vapor, foi gerente, teve seu sofrimento. Eu o respeito como bandido.